Manuel Alves Cargaleiro, nasceu a 16 de março de 1927 em Vila Velha de Ródão, distrito de Castelo Branco – Portugal. É lá que fica o berço dos seus antepassados: os Ribeiro, Fernandes, Mendes, Alves e Cargaleiro que geração após geração, viveram da agricultura.
Manuel Cargaleiro ainda não tinha feito dois anos quando o pai, resolve vender as terras no distrito de Castelo Branco para se instalar no Monte da Caparica, próximo de Lisboa e do mar, para se ocupar da Quinta da Silveira de Baixo. Passa a representar um papel importante no mundo agrícola. Pioneiro das técnicas modernas, torna-se conselheiro do distrito para tudo o que diz respeito à diversificação das culturas nas pequenas e grandes unidades agrícolas.
É no Monte da Caparica que Manuel Cargaleiro passa a sua infância e a sua adolescência e é aí que nasce o seu gosto pela terra, pelas plantas, pelas flores e pelas cores.
A mãe Ermelinda Cargaleiro, autodidata, executa com talento, a partir de 1925, mantas de retalhos muito coloridas com formas geométricas variadas. Ela irá criar, muito livremente, até ao fim da sua vida em 1988 estes patchworks que serão expostos em vários museus portugueses e também em França, na Casa da Cultura André Malraux em Reims.
Manuel Cargaleiro começa a desenhar por volta dos seis ou sete anos: centenas de desenhos que serão acompanhados de curtos poemas logo que terá aprendido a escrever. Confeciona também pequenos objetos de argila que coze no forno de lenha da casa, antes de os pintar. Todas estas criações são destinadas exclusivamente ao seu próprio olhar.
Em 1957 fixa residência em Paris onde continua a residir e a trabalhar.
“Comecei a minha vida de artista como ceramista e sou ceramista mesmo quando faço pintura a óleo. Não consigo imaginar uma coisa sem a outra. As minhas duas práticas, claro que se influenciam mutuamente. Não posso esquecer todos os meus conhecimentos sobre a história da faiança ou sobre a decoração mural quando pinto, assim como não esqueço a minha cultura pictórica quando crio em cerâmica. Está tudo muito ligado, e é isso que constitui a minha especificidade. Eu não copio os meus quadros nos azulejos: pinto diretamente sobre a faiança, sem desenho prévio, como numa tela.”
Manuel Cargaleiro, catálogo Gilbert Lascault, 2003